Belas, tradicionalistas e do campo
Elas levam a vida no campo e a cultura gaúcha no coração
As cenas do mês de setembro não deixam dúvidas de que os gaúchos amam de verdade a sua terra. As mulheres têm participado e contribuído fortemente na construção da nossa identidade cultural, se demonstrando militantes em prol do tradicionalismo. Hoje elas exercem funções que antes eram exclusivamente masculinas, como patroa de CTG, coordenadora regional e conselheira, dentre outros cargos importantes no Movimento Tradicionalista Gaúcho. Conheça cinco mulheres que cultivam o amor pela cultura gaúcha.
TRADIÇÃO QUE VEM DE FAMÍLIA
Ligada à tradição gaúcha desde criança, a professora Luciana Machado Petrarca, 39, conta que seus pais visitavam os avós em uma propriedade rural, onde vivenciava as lidas de campo, hábitos e costumes gauchescos. Apesar de hoje não participar de rodeios com tanta frequência, sempre que vai à fazenda Luciana participa das atividades campeiras com o marido, trajando a indumentária gaúcha. “Ajudo na lida de campo, na mangueira, a cuidar dos cavalos e do rebanho das ovelhas. Adoro quando nascem os cordeiros. São coisas boas que prendem a gente à vida de campo”, fala.
“Preservar a cultura gaúcha é manter viva as tradições artísticas e culturais do nosso estado. Como dizia Paixão Côrtes: ‘Tradição não se compra e não se vende, se sente’”. Luciana Petrarca
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VIDA CAMPEIRA
Criada nos campos do avô, a agropecuarista Paola Bacchin Schneider, 44, lembra que passava as férias e todos os finais de semana lidando com o gado na companhia dos empregados na fazenda Schneider, localidade do Piquiri. Após terminar o ensino médio (por exigência do pai) Paola abandonou a cidade de vez e foi morar no campo. Mas se tem algo que não mudou foi a sua forma de vestir. “Uso bombacha e boina diariamente”, conta Paola, que conquistou o Freio de Bronze 2010 com o cavalo Manotaço do Infinito.
“Sou muito ligada à tradição gaúcha desde que me conheço por gente”. Paola Schneider
DE GERAÇÃO A GERAÇÃO
Hoje trabalhando na Agropecuária Quitaúna (herança do avô e do pai), Paola pretende passar os costumes que aprendeu com a família para a filha Antônia (15) e, quem sabe, para seus netos futuramente. “Faço meu mate, cuido dos cavalos e do gado da cabanha e de vez em quando dou uma brincada na doma”, diz aos risos. “Já frequentei muitos bailes e CTGs quando era mais nova. Agora, morando na fazenda, fico junto dos meus familiares”, conta.
LIDA NO CAMPO
“Sendo gaúchos, todos nós temos ligação com a tradição gaúcha de alguma forma, seja através da família ou dos amigos”. Assim pensa a médica veterinária Fabiana Burtet, 43, que desde cedo foi ensinada pelo pai a lidar no campo. “São coisas que a gente leva para toda a vida, tanto que foi a escolha da minha profissão”, declara Fabiana, que trabalhou há alguns anos com pista em remate de cavalo e gado. “A lida com os animais no campo, na mangueira e no brete, desempenhada com respeito, é uma bela terapia gratuita”, constata.
CHIMARRÃO SAGRADO
Seja de bombacha, bota ou botina, de saia rodada, camisa e lenço, assim você encontra Fabiana, que não dispensa um bom churrasco, um carreteiro e um espinhaço de ovelha com macarrão, prato esse que considera a sua especialidade na cozinha. Todas as manhãs a veterinária está na companhia do bom e velho chimarrão. “Faço no capricho, pois com ele tudo passa”, entende. Dessa forma, ela destaca a importância de preservarmos a nossa cultura. “Se esses costumes nos foram passados e ensinados com tanto amor por nossos pais e avós, devemos tentar passá-los adiante aos nossos ou aos que estão por vir”, aponta.
“Este caminho de bons frutos que o campo oferece e a pureza dos animais é contagiante, me faz tão bem”. Fabiana Burtet
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AMOR AOS ANIMAIS
Assim que nasceu, Renata Barboza Fischer, 38, agropecuarista, foi morar no campo, onde permanece morando e trabalhando até hoje. Ela é proprietária de uma cabanha de cavalos crioulos que começou com o pai Renato, 62. Com ele, a agropecuarista aprendeu a andar a cavalo e a lidar no campo. Hoje a dupla administra as cabanhas Santo Antônio e São Jorge, onde também cria rebanhos de gado e ovelha, no interior da cidade.
MULHER GAUDÉRIA
“Participo de rodeios, já fiz provas da raça crioula de cavalos, prova feminina e paleteada. Gosto de estar sempre me atualizando sobre tudo que acontece na raça crioula”, fala Renata, que já chegou a domar um pônei quando criança junto com a irmã Mariele, 33. “Nós duas deixávamos a nossa mãe de cabelos em pé”, recorda-se ela aos risos.
Devido ao trabalho no campo, Renata está sempre de bombacha, peça que ela considera a peça-chave do seu guarda-roupa. Para ela, o chimarrão é o seu companheiro dos finais de tarde. “Também gosto de vários pratos típicos, desde churrasco a espinhaço de ovelha, principalmente o que a minha mãe Marilia (59) faz, fica delicioso”, emenda.
“Andar a cavalo é o maior prazer que tenho na vida. Sou completamente apaixonada”. Renata Fischer
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PAIXÃO VINDA DE BERÇO
A administradora Carina Goetze Rosa Guazzelli, 29, aprecia a tradição gaúcha e participa da lida campeira desde a infância, já que a família possui uma propriedade no distrito do Barro Vermelho. “Desde pequena saía com meu pai para o campo ajudando no que fosse necessário, seja curando, castrando ou apartando os animais. Hoje continuo fazendo o mesmo em quase todos os finais de semana. A lida no campo é meu forte”, declara.
COSTUMES DOS PAGOS
Todos os finais de tarde a administradora encerra o dia tomando um chimarrão na companhia do marido, e nos finais de semana aprecia um churrasco junto com seus pais. “Adoro fazer chimarrão. Também ajudo o pessoal lá em casa na confecção de algumas comidas típicas, como o tradicional charque”, acrescenta. “Preservando a cultura e conhecendo a tradição é que aprendemos a dar valor ao que temos hoje e conhecer a origem do nosso povo”, entende.
“Além de andar a cavalo, laçar e sentir a emoção no rodeio, lá eu estou reunida com a família e amigos, tudo que mais aprecio na vida!”. Carina Guazzelli
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