Com a bola toda
Mulheres mostram que também podem dominar um espaço tipicamente masculino, os campos de futebol
Quem disse que o futebol foi feito somente para os homens? Esse conceito de que algumas atividades, principalmente esportivas, só deveriam ser praticadas pelo público masculino ficou para trás. Hoje, com as mulheres conquistando cada vez mais o seu espaço na sociedade, é comum encontrá-las também nas quadras e campos, isso tudo sem perder a feminilidade.
O Campeonato Municipal de Futebol Feminino é uma das atividades que busca incentivar a inserção da mulher no esporte. Criada há 10 anos, a competição foi suspensa durante cerca de cinco edições por falta de participantes e voltou a ser realizada somente em 2006. Esse ano o campeonato está reunindo três times com cerca de 30 jogadoras inscritas em cada um. A decisão da competição deverá acontecer no início deste mês de novembro. O que mais chama a atenção é a participação voluntária dos treinadores e também das atletas.
Em campo: Santos Futebol Clube e Grêmio Esportivo Mauá disputando a primeira partida do campeonato municipal. O Botafogo Futebol Clube também está na competição
Para a capitã do Santos Futebol Clube, um dos times que está na competição, Marinês Dias Lang, 29 anos, mais do que uma atividade física o futebol é um lazer na sua vida. “Fui influenciada pelo meu marido a começar a jogar e hoje sonho que minha filha com nove anos se torne uma jogadora profissional”, deseja.
Apesar de reconhecer que estar inserida no futebol é uma conquista, Marinês diz que ainda falta muito espaço para a mulher no esporte. “Não ganhamos nada para jogar e além disso temos que organizar festas para arrecadar dinheiro e assim conseguir manter os treinos e uniformes. Nunca tivemos nenhuma empresa para patrocinar nosso time”, conta. O sucesso das mulheres também vai além da área esportiva propriamente dita. Antigamente, jornalistas e radialistas esportivos eram exclusivamente homens. Hoje, muitas mulheres são comentaristas e apresentadoras de partidas de futebol e basquete, entre outros.
Amor ao esporte
A equipe de futsal feminino da Ulbra/Cachoeira também mostra que as mulheres chegaram para conquistar novos horizontes, entre eles as quadras do esporte praticado na grande maioria por homens. Incentivadas pela universidade, o time é composto por acadêmicas dos cursos de Direito, Biologia, Administração, Educação Física e Fisioterapia. Os treinos da equipe acontecem três vezes por semana, das 22h30min à meia-noite. Esse foi o horário que as meninas acharam para conseguir conciliar trabalho, estudos e o esporte.
“É uma rotina bem puxada, o corpo às vezes cansa, mas o benefício maior é dado à mente, pois o esporte coletivo proporciona além de gasto de energia a convivência com amigos”, observa a goleira do time, a acadêmica do sexto semestre de Fisioterapia Ana Paula Melo de Moraes, 23 anos. Hoje, a equipe está treinando para disputar o Campeonato de Futsal da Prefeitura de Cerro Branco. “Sempre gostei de praticar esportes e encontrei no futsal um combinado de lazer, disciplina e saúde. As piadinhas sempre se fazem presentes quando excedemos as barreiras dos gêneros, mas nada de grave. Quando o trabalho é feito com seriedade e comprometimento não há espaço para tabus”, completa Ana Paula.
Marinês (toda de preto), a líder dentro do campo, com seu time: mulheres reclamam da falta de apoio aos times de futebol feminino
Força de vontade: jogadoras do time treinam três vezes por semana das 22h30min à meia-noite, o único horário que acharam para conseguir conciliar suas outras atividades, como estudar e trabalhar
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