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Reportagens Edição 67 - março de 2013

Sei que eu sou bonita e gostosa...


Quilinhos sobrando e autoestima faltando? Reveja seus conceitos

 

É só olhar ao redor para perceber: as pessoas são, em sua maioria, gordinhas. No mundo real, longe das capas de revistas de beleza ou das passarelas, são os quilos a mais que costumam saltar aos olhos a cada passada em frente ao espelho. Difícil encontrar uma mulher que não diga que gostaria de emagrecer. Três, cinco, 10 quilos ou mais. Um peso trabalhoso de perder, quanto mais de carregar para quem quer se achar bonita, mas desde que magra.

Confesse: você se surpreende quando encontra alguém que se diga bela mesmo com gordurinhas a mais? A psiquiatra Fernanda Scarparo Boeck, 42, costuma causar esse olhar de espanto quando se autointitula como uma bela mulher gorda, pelo menos até que se conheçam seus motivos para ter a autoestima lá em cima.

Bem-sucedida na profissão, casada com um homem que vive a ressaltar sua beleza e mãe de dois meninos, os quilos a mais já literalmente pesaram contra sua felicidade. “Sofria com os comentários de que deveria emagrecer. Achava que era diferente, até que me dei por conta: por que passar a vida toda buscando um ideal de corpo que não condiz com seu porte físico? Quando aceitei que não nasci para ser magra, me aceitei e passei a me ver bonita”, conta.

Essa reviravolta, conseguida graças ao esforço pessoal de mudar seus pensamentos, foi brindada com um ensaio fotográfico sensual. Fernanda posou para as fotos sem medo de mostrar o corpo. “Orientei a fotógrafa a não usar o Photoshop, queria minhas pernas e meus braços do jeito que eles são”, fala a médica. Com o resultado em mãos, era hora de realizar um sonho: ter sua primeira minissaia. Ela comprou e a veste com o orgulho de quem sabe que para ser bela de verdade basta se ver como tal.

 

 

Fernanda: “Pode parecer demagogia, mas não é. Sou gorda e aprendi a me aceitar assim. Hoje sou feliz com o que vejo no espelho”

 

 

 

Uma aula de autoestima



O ENSAIO FOTOGRÁFICO SENSUAL -
“Foi o primeiro e fiz porque hoje me sinto bem com meu corpo e a idade que tenho. Quero guardar este momento especial da minha vida. Quando eu tiver 60 anos quero olhar estas fotos e lembrar desta época em que me acho bonita. Não quero que me interpretem mal achando que sou convencida, apenas me aceito e me sinto bem”.
 
AS FOTOS - “Fiquei surpresa com o resultado, adorei. Sempre achava que minhas pernas eram feias porque são grossas, que meus peitos não eram legais, enfim, não me achava bonita. As pessoas costumavam me colocar para baixo porque era gorda. Tenho que me aceitar porque, pelo meu tipo físico, nunca vou vestir 38. As mulheres passam sempre por aquela cobrança de ser magras e isto afeta a autoestima, que consequentemente abala nosso bem-estar psicológico”.
 
CHEGA DE ESCONDER O CORPO –
“Quando estamos acima do peso a tendência é nos retrair e tapar o corpo. Mas decidi fazer justamente o contrário. Mas não para dar um bom exemplo ou provar algo. Faço isto para mim, Fernanda. É claro que os pacientes observam tudo, mas eles sempre me apoiaram. O que mais me impressionou nisto tudo foi a receptividade positiva das pessoas, principalmente das mulheres”.


PRIMEIRA MINISSAIA –
“Nossa, parece mentira que demorei mais de 40 anos para ter coragem de entrar em uma loja, dizer que queria comprar uma saia, experimentar e comprá-la. Antes eu achava que era indecente usar e que não podia. Pensava que era feio e que eu era feia. Quando fiz o ensaio fotográfico me elogiaram tanto que me motivei a comprar. Mas confesso que não é fácil encontrar roupas bonitas para quem veste 46. Por sorte encontrei em uma loja em Porto Alegre”.

 
É PRECISO SE ACEITAR – “Tem gente que condiciona o fato de estar acima do peso como razão para estar depressiva e triste. Mas quando estas mesmas pessoas emagrecem percebem que ainda não estão felizes. A questão é se aceitar. Se teu cabelo é crespo, aceita o cabelo crespo. Por que não gostar dele assim? Temos que valorizar e cuidar o que temos. Temos que ter orgulho de ser quem somos, do nosso cabelo, cor de pele, do nariz, etc. Valorizando a pessoa que somos podemos ser mais felizes”.


CRÍTICAS –
“Me incomodo quando dizem que eu tenho que emagrecer. Que tenho o rosto bonito, mas pena que sou gorda. Parece que quem é gordo não se esforça. Meu tipo físico é assim e sinto que as pessoas pensam que não posso ser feliz sendo assim. Acham que para ser bonita tem que ser magra”.
 



 






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