Quem é quem
A vida real imita a arte no troca-troca de gêmeos que aconteceu na novela Paraíso Tropical
A ssim como na ficção, trocar os papéis também é uma prática muito comum para os gêmeos da vida real. Na fórmula mágica do mundo da TV, geralmente um se apresenta como o mocinho da estória e o outro sempre aparece fazendo planos malignos contra todos os personagens da trama. Assim era o caso das gêmeas Paula e Taís da novela Paraíso Tropical que terminou no dia 28 de setembro.
O que acontece fora da teledramaturgia geralmente é diferente. Essa troca de identidade costuma ser consentida e por um período de tempo bem curto. Na maioria das vezes o único objetivo é fazer uma brincadeira com amigos ou familiares. Jogo de cintura, criatividade e cara de pau são os principais requisitos para quem quer assumir o posto do outro, independente da idade e função que desempenham.
Qual o gêmeo que não tem uma estória dessas de troca ou confusão para contar ou ainda quem nunca ficou com fome porque o irmão recebeu o mamá duas vezes? Ou ficou sem entender nada ao ser abordado por algum conhecido do irmão? Enfim, as estórias que envolvem irmãos idênticos são muitas.
Gláucia e Gleice: trocas na hora de fazer a prova da escola
Para a maioria a maior vantagem de ter um clone seu andando por aí não é a possibilidade de troca e sim a cumplicidade e amizade que nutrem um pelo outro. Idênticos ou não, o certo é que quem tem um gêmeo raramente está sozinho. Desde o útero até o dia-a-dia, em casa e na escola, os irmãos estão sempre juntos. Hoje, um a cada 90 nascimentos é de irmãos gêmeos no Brasil.
Escola é o maior alvo do troca-troca
Assim como quase todos os gêmeos univitelinos, as irmãs Gláucia e Gleice Varaschini, 24 anos, contam que já se divertiram muito com a troca de lugares. “A Gláucia sempre foi boa na Matemática e eu péssima. Durante três anos fiquei em recuperação e as provas finais quem fez foi ela. Consegui passar de série graças à troca e o melhor de tudo isso: nunca fomos descobertas”, conta Gleice. As armações das duas não ficaram só na escola. Outro alvo freqüente das brincadeiras eram os namorados.
“Aos 16 anos, a Gláucia arrumou o primeiro namorado, os dois eram apaixonados e como além de sermos muito parecidas temos a voz idêntica, resolvi me passar por ela e terminar o namoro pelo telefone. Ele ficou desesperado e quando ela descobriu o que eu tinha feito ficou furiosa, mas foi bem engraçado”, conta Gleice. Apesar de até hoje se divertirem com brincadeiras de troca de lugar, para as irmãs a maior vantagem de ser gêmeo é a cumplicidade. “Nossa sintonia é tanta que dividimos até o mesmo roupeiro”, revela Gláucia.
Barrado na hora de votar
Mauro e Márcio: almoço para dois pelo preço de um
Os irmãos Márcio e Mauro Vieira da Cunha, 27 anos, também têm suas estórias de confusões e trocas para contar. “Uma das mais engraçadas aconteceu há alguns anos. Votávamos na mesma seção eleitoral, o Mauro foi lá, votou, e depois de uma hora eu fui votar. Para a minha surpresa o mesário disse que eu não poderia votar novamente. Tive que explicar e pedir para ele conferir que quem tinha votado era o Mauro”, conta rindo.
Parecidos desde o nascimento, eles contam que sempre gostaram de trocar de lugar para fazer brincadeiras com a família e com os amigos. Uma das estórias que eles mais se divertem contando é sobre a troca de lugar nos restaurantes que servem bufê livre. “Quando éramos adolescentes, sempre passávamos as férias na praia e quando o dinheiro começava a terminar, em vez de pagar dois almoços, pagávamos somente um. O Márcio entrava no restaurante, comia e eu ficava na rua esperando. Depois que ele acabava era minha vez de entrar e almoçar. Na hora de sair pagava somente pelo meu almoço”, lembra Mauro.
Lado bom e ruim
Alan e Luan: chefe já chamou a atenção de um pensando que era o outro
Para os gêmeos Alan e Luan Baumhardt, 18 anos, ter um irmão quase idêntico tem seu lado bom e ruim. “O bom é que somos muito amigos e podemos nos divertir trocando de lugar, mas o ruim é muitas vezes ser xingado sem saber por que. Trabalhamos na mesma empresa e há alguns meses nosso chefe chegou me chamando a atenção e eu não sabia por que. Depois conversando com o meu irmão descobri que o esporro era para ele e não para mim”, conta Luan.
“Com a estória da Taís e Paula, as gêmeas da novela, é comum nos perguntarem quem é o bom e o ruim. Sempre achamos graça e respondemos que os dois, por enquanto, são bons”, observa Luan. Outra situação comum para eles é a confusão que as namoradas fazem. Porém, nunca chegaram a deixar a troca ir longe demais. "Geralmente quando a namorada do meu irmão vem chegando perto já aviso que o Luan é o outro, e tudo vira brincadeira", lembra Alan.
Além da aparência
Catiuscia e Catiane: vozes iguais facilitam as trocas no telefone
Na maioria dos gêmeos as semelhanças vão além da aparência. Muitos têm os mesmos gostos, se vestem com o mesmo estilo e geralmente têm a voz igual, o que facilita as brincadeiras principalmente por telefone. As irmãs Catiuscia e Catiane Schwantz, 23 anos, aproveitam isso para até hoje se passarem uma pela outra por telefone. “É comum fazermos isso. Se atendo e é uma pessoa com quem não estou a fim de falar, digo que sou minha irmã e que a Catiane não está”, conta Catiane.
Na escola a confusão também sempre foi grande. “Até o ensino médio sempre estudamos na mesma turma, mas na faculdade eu escolhi Pedagogia e a Catiane preferiu Educação Física. Foi aí que as trocas passaram a ser mais freqüentes. Uma vez uma menina chegou em mim e disse: escuta, tu não vai me cumprimentar? Muito constrangida parei e disse que ela estava me confundindo com a minha irmã. Como todos que passam por essa situação, ela ficou com bastante vergonha”, lembra Catiuscia.
Confusões ainda são comuns
Juca e Tonho: para induzir à confusão os dois deixam a barba igual quando vão ficar bastante tempo juntos
Aos 59 anos, os gêmeos João Francisco Dias, o Juca, e Luiz Antônio Dias, o Tonho, ainda se divertem com as confusões que as pessoas fazem achando que um é o outro. Apesar do Juca morar em Santa Maria e o Tonho em Cachoeira, seguidamente acontece de passarem por situações como essa, principalmente quando estão os dois na cidade vizinha. Para isso, sempre que viaja Tonho deixa a barba crescer para ficar mais parecido com o irmão.
“Há algum tempo eu estava saindo de um prédio em Santa Maria e uma senhora parou para conversar comigo. Com todo o cuidado disse para ela que não era o Juca e sim o irmão gêmeo dele. A senhora começou a rir e continuou conversando como seu eu fosse o Juca. Na hora de se despedir, como ela achou que era uma pegadinha dele, disse: então tá, tchau Juca”, lembra Tonho. Na adolescência foi a fase que eles mais trocaram os papéis, aproveitando que ainda eram mais parecidos. “Na escola, no grupo que tocávamos juntos e no Exército onde usávamos uniformes, era muito difícil perceber quem era quem, então trocávamos bastante e nunca fomos pegos”, conta Juca.
EDIÇÃO IMPRESSA
BUSCADOR