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Reportagens Edição 61 - agosto de 2012

Cheios de mania


Ter algum hábito no cotidiano é normal, mas é importante observar se ele não virou obsessão

Será que desliguei o gás? As janelas e portas estão trancadas? Não deixei nenhum eletrodoméstico na tomada? Esses são alguns questionamentos comuns no dia a dia da maioria. Entretanto, quando o hábito de ter que conferir várias vezes a mesma coisa ou ter que manter a organização rigorosa, por exemplo, dos livros em uma estante começar a causar ansiedade e nervosismo, ele pode ter se transformado em doença.

De acordo com a psiquiatra Fernanda Scarparo Boeck, 41 anos, sendo 16 de profissão, ser organizado e perfeccionista são características consideradas positivas, mas as ações comuns do cotidiano não podem ser uma pressão para quem as realiza. “O importante é prestar atenção e diferenciar hábitos corriqueiros da necessidade exagerada de manter tudo em ordem ou conferir travas e tomadas por diversas vezes. Afinal, o transtorno obsessivo compulsivo (TOC), problema mental caracterizado por pensamentos obsessivos que geram ansiedade, é mais comum do que se imagina”, explica a psiquiatra.

Muitas pessoas têm manias, mas nem sempre isso se torna um problema. “O problema só acontece quando isso se torna um pensamento muito difícil de resistir, geralmente acompanhado por um ato quase impossível de evitar”, completa Fernanda.

PENSAMENTO – Para quem tem algum tipo de hábito ou mania, que por menor que seja incomode, a sugestão da psiquiatra é desviar o pensamento. “É importante a pessoa evitar fazer os atos compulsivos e a melhor maneira para isso é tentar pensar em outra coisa quando a vontade surgir. Isso poderá gerar ansiedade intensa, mas que passa, sem maiores consequências”, ressalta. “A partir do momento que estes pensamentos obsessivos e atos compulsivos passam a tomar muito tempo - duas horas ou mais do dia - e a pessoa não consegue se controlar, é o caso de  procurar um profissional para avaliar o problema”, completa.









Fernanda:
manias viram um problema quando começam a afetar o dia a dia do paciente










QUAL A SUA MANIA?


Quem não tem ou teve alguma mania, que atire a primeira pedra. Cinco leitores aceitaram abrir o seu baú de intimidades e revelam de qual mania não conseguem se livrar.






“Sempre quando vou dormir deixo meu chinelo ou pantufa ao lado da cama bem alinhado. Se não estiverem lá bem arrumados eu não consigo dormir. Se meu marido ou minha filha tiram dali e eu percebo já fico nervosa. Quando desço da cama, quero eles prontinhos para eu colocar”.
Elis Regina Bello, 40, corretora imobiliária









“Não vivo sem meu celular, dormir com ele ao lado e estar sempre junto comigo onde quer que eu vá já virou mania. Esqueço de várias coisas no decorrer do dia, mas meu celular está sempre comigo. É algo indispensável na minha vida, se não está perto de mim chego a ficar ansioso, porque fico com a sensação de que ele vai tocar e eu não estarei por perto para atender”.
Cristiano Goulart, 25, consultor de moda









“Eu não posso com bagunça, não consigo ficar em um lugar que não esteja bem arrumado. Tanto que meu guarda-roupa eu organizo por cores e estou sempre arrumando, não gosto nem de olhar se não estiver bem alinhado para não ficar tensa”.
Fernanda Wrasse da Silva, 35, empresária e projetista de móveis










“Tenho o hábito de sempre voltar para conferir se fechei as portas do carro. Na correria é só me afastar do veículo para vir aquela dúvida: travei ou não as portas? Aí não tem jeito, por mais que eu tente não voltar, fico ansioso e retorno para uma conferida”.
Maicon Cerentini, 24, empresário









“Toda noite religiosamente antes de deitar eu arrumo as almofadas na sala social, na sala íntima e na sala de jantar. Depois verifico se elas ficaram bem arrumadas, só depois disso vou dormir. Não importa a hora que seja, é como um ritual”.
Lia Trevisan, 60, empresária





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