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Reportagens Edição 56 - março de 2012

Que príncipe encantado, que nada!


Mulheres da nova geração sonham em primeiro lugar é com o cargo profissional que poderão ocupar

Quando Vera Lúcia Corrêa, hoje com 56 anos, estava na casa de seus 20 anos, ela, como a grande maioria das meninas de sua época, tinha como principal plano para a vida encontrar seu príncipe encantado. Cumprida a missão, o destino era casar, ter filhos e cuidar da casa. Seguir uma carreira ainda era para poucas e encontrar uma mulher que sonhasse com altos cargos profissionais era raro. O tempo passou e promoveu uma verdadeira revolução nos valores e desejos femininos.
Não que hoje casar e ter filhos estejam fora dos planos, esses desejos estão lá no íntimo da maioria das mulheres, mas não estão sozinhos. O projeto maior é galgar os degraus de uma carreira bem-sucedida. Caroline Corrêa, 23, filha de dona Vera, cresceu vendo a mãe dedicar tempo integral à casa e à família. Mesmo admirando a atitude, sabe que os tempos são outros. “O mundo nos empurra para buscar o sucesso profissional, tanto que as meninas não passam mais a infância e juventude aprendendo a cozinhar ou costurar. Esse tempo é ocupado com horas e horas de estudo, já vislumbrando um futuro profissional promissor”, observa.
Com o incentivo da mãe, Caroline ocupa o cargo de estetocosmetóloga e ainda quer mais. Pretende se especializar na sua área de atuação. “A realidade mudou, ser uma tradicional dona de casa é exceção nessa nova geração, não a regra, como era na minha”, conta Vera. Se acredita ser pior essa nova realidade, Caroline afirma que não. “Claro que as responsabilidades aumentaram com esse novo comportamento. Se antes a missão das mulheres era cuidar da casa e da família, hoje ela precisa fazer isso e ainda dar conta da carreira. É mais difícil, mas está cheio de exemplos de que é possível dar conta”, observa Caroline.


Vera Lúcia e Caroline: mãe optou por se dedicar à família e hoje se sente realizada com o sucesso da filha


REVOLUÇÃO – Para a pesquisadora Mirian Ritzel, 51 anos, sendo 24 de profissão, no Brasil o grande divisor de águas, onde a mulher começou a ganhar espaço na sociedade, foi a liberação do voto feminino na década de 1930. “A partir daí, cada vez mais elas partiram em busca de seus sonhos e igualdade. A profissão de professora, muito comum na metade do século passado, também foi uma porta para a libertação das mulheres, uma vez que lecionar era um trabalho que não as distanciava de seu papel de mãe e educadora, sendo, portanto, aceito pela sociedade conservadora do século XX”, ressalta Mirian.
Segundo Mirian, há cerca de cinco décadas o cenário era tão diferente do atual que quando uma mulher trabalhava fora não era bem vista pela sociedade, o que foi mudando pouco a pouco, até que as mulheres tomaram conta do mercado de trabalho. “A prioridade da maioria hoje é ter uma profissão e ser bem-sucedida, não casar e ter filhos como era antigamente. As estatísticas mostram que a maternidade também é muito mais tardia, já que as mulheres esperam a independência financeira para então constituir família”, observa Mirian, que acredita que as mulheres só voltarão ao posto de rainha do lar quando isso se tornar uma opção que não represente submissão ou tarefa de menor importância.







Onde você acha que as mulheres ainda vão chegar?











“Acredito que homens e mulheres chegarão a um patamar de igualdade, tanto na área profissional quanto pessoal. Mulheres hoje podem escolher, sem preconceito, se desejam adiar o casamento e a maternidade. Elas não precisam abrir mão de serem mães, seja mais tarde ou não, mas com certeza só o farão aquelas que se sintam aptas a conciliar e levar de maneira natural os dois segmentos da vida”.
Renata Flores Streit, 23, arquiteta e urbanista















“As mulheres firmaram seu espaço ao longo dos anos, por isso acho difícil essa situação retroceder. Pelo contrário, acredito que as mulheres vão cada vez mais ocupar cargos que hoje ainda são ocupados somente por homens”.
Fábio Gremes, 39, empresário
















“Elas foram longe, mas ainda há muita coisa a conquistar, como o fim do preconceito dissimulado que ainda existe. Com o passar dos anos acredito que deverá ser extinta qualquer desigualdade entre homens e mulheres. Também acredito que essa posição de destaque, onde mulheres conciliam os cuidados com a casa e a carreira, é irreversível, ninguém vai querer voltar a ficar só cuidando do lar”.
Júlio Mahfus, 45, advogado e professor universitário














“Eu gostaria e trabalho para que as mulheres cheguem a uma condição de equidade, tanto em relação aos homens como em relação a elas mesmas. Hoje as mulheres representam a maioria da população economicamente ativa, mesmo que ainda exerçam as funções de menor prestígio social e remuneração salarial. Acredito que as mulheres caminham para a construção de uma nova realidade, sem discriminação de gênero, raça, religião ou geração”.
Mariana Carlos, 26, vereadora













“A mulher tem demonstrado através de sua evolução que poderá chegar no mesmo espaço que o homem se encontra hoje. Os homens têm aprendido a admirar e valorizar as mulheres pelos seus resultados, assim acabam dividindo as tarefas do lar. Mas não acredito que o homem possa deixar o mercado competitivo para dedicar-se apenas à família, pois como para a mulher é importante a realização profissional, para homem também é e sempre será”.   
Cecília Chaves, 42, psicóloga e presidenta da Cacisc




















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