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Reportagens Edição 04 - AGOSTO/2007

Uma vizinha do barulho


O diálogo pode ser a solução para resolver problemas com os vizinhos, mas em alguns casos recorrer a Justiça é inevitável


A situação em que se envolveu a comerciante Glaucy Mara Euzébio Rocha, 46 - ir a público reclamar do barulho causado pelo sino da Igreja Santo Antônio - reacendeu um antigo debate: até onde é importante aceitar comportamentos e situações que perturbam o sossego para manter um bom relacionamento com os vizinhos? Sem medo de mostrar a cara, Glaucy não pensou duas vezes em defender seus direitos quando percebeu que estava perdendo sua qualidade de vida ao acordar durante a madrugada com o badalo do sino a cada hora e com os toques sonoros que o relógio do templo emite de 15 em 15 minutos.

Glaucy Mara: recorreu a Justiça na esperança de calar o sino da Igreja Santo Antônio durante as madrugadas

 Apesar da reivindicação da comerciante ser inusitada, muitos problemas corriqueiros acabam tirando a paz de quem se muda para um novo endereço cheio de esperança de encontrar um lugar tranqüilo para viver. Para quem mora de aluguel os desentendimentos e irritações são sempre mais comuns do que para quem mora há anos no mesmo lugar e já conhece a rotina do prédio ou bairro. A cada nova mudança, está a expectativa: como será minha nova vizinhança? É nessa hora que muitas vezes vem o susto ao se deparar com vizinhos do barulho: o som sempre alto, infiltrações no apartamento de cima, o adolescente da família ao lado que acredita ser um exímio baterista, aquele cachorro que late a noite toda, e por aí vai.
 Em muitos casos uma conversa franca resolve o problema com o morador que está causando o transtorno e decide aderir à política da boa vizinhança. Esse diálogo às vezes pode não ser a solução definitiva, mas ajuda a diminuir a dor de cabeça. Entretanto, existem situações como a de Glaucy Mara que é necessário recorrer à Justiça para chegar a um acordo. “Não podia mais aceitar quieta o sino badalando durante toda a madrugada. Tentei primeiro o diálogo, mas como não deu resultado tive que buscar meus direitos na Justiça”, observa a comerciante. Nos juizados especiais, o processo tende a correr de forma rápida e o resultado, na maioria das vezes, vale a pena. Em Cachoeira do Sul, a primeira audiência de conciliação é marcada em média 20 dias depois que a reclamação é ajuizada.

 

Dicas para morar bem


 Não deixe que pequenos mal-entendidos do dia-a-dia se acumulem. Ao primeiro sinal de conduta inapropriada, converse com o vizinho.
 
 Nem sempre quem mora ao lado quer participar de uma reuniãozinha de última hora ou de um animado jantar. Tente manter certo silêncio e coloque-se no lugar de quem vai trabalhar cedo na manhã seguinte.
 
 Apesar dos vizinhos inconvenientes estarem por todos os lugares, os prédios ainda são os que escondem o maior número de problemas de convivência. Por isso, ao se mudar para um condomínio é importante ficar atento ao seu regulamento. Ele informa todas as normas, como se é permitido ter animais de estimação no local e os horários em que deve ser feito silêncio.

 É importante também prestar a atenção na rotina do bairro para evitar dores de cabeça. Antes de se mudar preste atenção se existe alguma fonte de barulho que possa vir lhe incomodar futuramente. Se houver, pense duas vezes antes de fechar o contrato.

  Quando puder, ignore algumas atitudes. O bom relacionamento com os vizinhos, além de proporcionar tranqüilidade, pode render boas amizades.
 
 Em últimos casos, se o vizinho inconveniente vier com a conversa de que na casa dele faz o que bem entende, diga-lhe que a lei garante seus direitos, mas eles só vão até onde começam os do outro.






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